quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Saber viver

 

Sinto-me perdida em formalidades e obrigações. Dentro de um mundo tão grande com um espaço tão pequeno, o ar falta, a água escasseia e somos demais para todos conseguirmos encontrar aquilo que realmente queremos. E o que é que queremos? Queremos o que os outros querem? Queremos aquilo que achamos que queremos? Ou queremos o que nunca pensámos querer? Para ser sincera, eu não sei o que quero. Penso que ninguém realmente saiba. E quando alguém acha que sabe, é apenas uma ilusão, um preconceito, uma mentira da sua própria mente que nos engana a alma e faz com que o corpo acredite que é aquilo que ela quer. Mas o que é quer? De onde é que isso vem? Como é que eu sei que eu quero? Muitas vezes não sei. E por isso, aqui continuo, inerte, sozinha, perdida. Perdida num mundo com caminhos certos. Sozinha num mundo cheio de pessoas. Inerte, com a  minha mente sempre a trabalhar. E é mesmo assim que nos enganamos todos os dias. Dizemos que buscamos felicidade, o amor, o melhor da vida. E se o melhor da vida é algo superior à nossa vida? E se o melhor da vida continuar depois da vida? Quando vivemos há em nós, uma parte que permanece inquieta, insatisfeita, agitada mesmo que não tenhamos nenhuma necessidade física - há sempre essa parte que mexe no nosso ser e faz de nós quem somos. E dentro deste mundo de formalidades e obrigações, não há lugar para a alma descansar, não há lugar para a beleza da serenidade e satisfação. São apenas aqueles pequenos momentos - em que o sol nos invade o espírito, a brisa nos renova a esperança e nos descobrimos na última página de um livro - que nos fazem realmente felizes. Eu quero ser feliz. Quando me imagino a ser feliz, sou feliz, nem que seja pela ilusão do ser. Pensei que lutar pelos nossos sonhos fizesse parte da felicidade, que ser independente fizesse parte da felicidade, que viver numa grande cidade fizesse parte da felicidade - mas estava errada, nada disso é sinónimo de felicidade quando não se é feliz. Lutar pelos nossos sonhos, é uma luta; Ser independente, é estar só; E uma grande cidade, é apenas uma grande cidade. Todos as nossas angústias são maiores e as felicidades são menores quando não temos ninguém com quem as partilhar. Não gosto de estar sozinha. Estar sozinha é morrer sem sentido. E quem é que quer morrer sem sentido? Quem é que quer morrer sem ter sabido viver? Saber viver é o verdadeiro desafio da vida.



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