segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Pequenas mãos

 
 
 
 
Escrever para ti deveria ser tão fácil como respirar mas não é. Dói-me escrever para ti, porque nunca consegui ser para ti o que foste para mim. Nunca te consegui dar o que procuravas em mim e tencionavas encontrar. Nunca te consegui dar os sentimentos que tranquei dentro do meu coração. Tive medo, que se os libertasse não houvesse volta a dar. Tive medo que fossem grandes demais para as tuas pequenas mãos que os receberiam a medo. Eu sei o que passaste, mas tu não consegues imaginar a dor que eu já senti. Para ti o coração é só um órgão, para mim é a alma. E quando me magoam a alma, destroem-me, machucam-me para a vida e nunca mais vou poder curar todas as feridas com que vivo dos erros que cometi, das balas com que levei quando me deixei levar. Eu sofro por mim e pelos outros. Dói-me como a vida o que para eles é uma boa recordação, ou o que já nem conseguem lembrar. Quando eles abalam e esquecem, eu fico e relembro: cada momento, cada palavra, cada sentimento, cada sensação. E relembro vezes sem conta hoje, amanhã, no dia seguinte e no outro. Vivo assim, a relembrar momentos em que fui feliz. Fui porque é passado. Tudo passou e quem eu era já não sou. Tenho pena da vida me mudar tanto e me magoar ainda mais.
 
 

Sem comentários: